quinta-feira, 17 de maio de 2012


O Cante a Baldão


    O cante ao baldão sempre foi um cante das barracas das feiras ,aquelas celebres barracas com quatros paus e umas cordas para esticar a lona, onde se bebia um copito de branco ou tinto ou cálice de medronho,durante dois ou três dias ali se esgremiam argumentos e ali se despicavam horas e horas a fio ao som da campaniça ,numas autenticas maratonas de resistencia,só os melhores ficavam para o fim ,um cantor que que se prezasse nunca abandonava o cante a meio para não ficarem dizendo que tinha medo ou se acabaram as cantigas ,os cantores não se conheciam,viam-se na maior na maior parte dos casos de ano a ano numa feira qualquer ,e se tinham deixado algum assunto pendente no ano a seguir voltavam lá para acertar as contas,«no cante claro« quando aparecia algum moço novo a pedir se o deixavam cantar ,deixavam.no entrar mas era logo posto á prova pelos mestres ,e se não dava a medida «como se dizia« tinha que abandonar o cante,mas acontecia muitas vezes que o candidato a cantor,era dos que dava a medida e por vezes quem levava a tareia era algum dos mestres mais atrevidos ,os tempos mudaram o baldão foi perdendo o fulgor o seu ambiente natural foi acabando ,as tabernas as feiras tradicionáis tudo isso mudou a vida evluio de tal forma que as pessoas foram saindo da sua terra para ir trabalhar e residir noutras paragens no final dos anos setenta já não se ouvia o baldão nos anos oitenta com o aparecimento da rádio castrense do programa património ,e graças ao trabalho do dr José Francisco Colaço Guerreiro e á força de vontade do grande mestre da viola campaniça Manuel Bento e ao grande cantor António josé Bernardo o baldão renasceu e revigorou muitas vezes se juntaram á volta de uma mesa 25 ou 30 cantores ,aos poucos a roda foi encurtando naturalmente,os mais velhos foram ficando pelo caminho e infelizmente alguns ainda muito novos igualmente desaparecerame muitos ainda novos foram perdendo o gosto pelo cante neste momento as rodas do baldão não vão alem de uma duzia ,há tempos dizia.me um homem de certa idade que« o baldão irá morrer quando os cantores da corte malhão deixarem de cantar« não aparecem jovens para fazer a renovação e o final anunciado tem a sua razão de ser,isto tudo vem a baila para dizer o seguinte no passado dia treze na feira de Garvão quando se preparavamos para iniciar o cante eis que aparece um moço circundando a mesa pediu se podia cantar logo lhes foi indicado um lugar na mesa que por acaso ficou ao meu lado esquerdo ,nieguem o conhecia nunca o tinhamos visto,quando chegou á vez dele cantou uma bela cantiga e outras se seguiram o jovem cantou e encantou é dono de3 uma excelente voz faz o timbre do baldão muito bem e cantou lindas cantigas até sabe cantar bem a despique chama-se VITOR PALMA mora no lugar de Fontes Ferrenhas um aglomerado pupolacional do concelho de Almodovar em plena serra do caldeirão ficamos maravilhados afinal ainda há moços que sabem cantar ao baldão e gostam de cantar como eu tenho vindo a dizer o baldão não se ensina e não se aprende a unica coisa que se pode fazer é procurar que os jovens tomem o gosto por isto, já agora também quero aqui fazer referencia ao facto de os dois tocadores de viola que estavam a acompanhar estavam-no a fazer pela primeira vez dois jovens, o ANDRÉ GERALDO de Ourique e o CARLOS ANTÓNIO de Entradas.   Autor:  Manuel Graça