segunda-feira, 12 de agosto de 2013

POETAS POPULARES DO ALENTEJO





A PEQUENA CASA 

P’ra mim foi maior que o palácio dum rei,

a casinha térrea, simples e modesta.
Era tão pequena, mas eu lá me criei,
p’ra além da saudade, dela pouco resta.

Do seu ar maternal, p’ro mundo eu saltei!
Vestida de branco, estava sempre em festa,
com trastes antigos, já fora da lei,
tinha "oca no pé", como a flor da giesta.

Ao canto do lume, nas brasas amigas,
coziam-se açordas, calduchos e migas,
no barro vidrado de rudes tigelas.

P’ra além dos afectos pouco mais ela tinha,
que o quarto modesto, a despensa, a cozinha…
e o sol e a lua a espreitar pelas janelas.


Manuel Manços