Em pleno largo 5 de Outubro, num edifício datado da década de quarenta do século passado, que já funcionou como escola primária, posto médico e quartel da Guarda Nacional Republicana, está instalado, desde maio de 2008, o Museu do Trabalho Rural.
Um museu que pede tempo para ver e para sentir. Logo à entrada uma inscrição do escritor Miguel Torga recorda esse tempo: «O Alentejo lembra-me sempre um imenso relógio de sol, onde o Homem faz de ponteiro». Dá-se o mote. Fala-se do território e dos seus protagonistas. A exposição começa por um enquadramento físico do concelho. Um jogo entre planície litoral/serra/planície interior e a forma como a orografia, o clima, o solo influenciam a ocupação humana. Ilustra-se com amostras de terras. Complementa-se com a preciosa Carta Agrícola de Gerardo Augusto Pery (século XIX), com instrumentos topográficos.
Antecipando a subida ao segundo piso, percorrem-se instrumentos agrícolas: uma charrua Melotte, testemunha a brutalidade no lavrar a terra, esforço para seis juntas de bois.
Num recanto um expositor não esquece as mãos engenhosas do concelho com mostra de artes tradicionais: latoaria, cestaria, bordados. Próximo, recordam-se as feiras tradicionais, espaços para «o pregão dos
vendedores, a lamúria dos mendigos, as gargalhadas das multidões», como se explica.
Sobe-se ao segundo piso, inicia-se uma viagem pelos ciclos da terra. Objectos e imagens contam a lavra, a cava, o desterroar e as sementeiras, as mondas, as regas, as ceifas, as debulhas, o armazenamento dos cereais. Trigo, arroz, centeio, desfilam contados pelos objectos, pela fotografia e pelas descrições. Ficamos a saber que a debulha dos cereais se fazia por quatro métodos: a pé de gado, a trilho, com malho, mecânica. Surpreende a dimensão da forca; a força a que obrigava. Admira-se o engenho: dedeiras fabricadas com canas, para evitar ferimentos. Um cantinho é destinado aos transportes: o carro e a carreta de bois, o carro cantador, os arreios, a ferragem das bestas. Num expositor não podemos deixar de reparar: antigas publicações em torno do mundo rural: lavoura portuguesa (1955), Gazeta das Aldeias (1913), O Lavrador (1910), Almanaque O Século (1955).
Um pequeno mundo com porta aberta para o Largo 5 de Outubro, a avistar a Igreja ao cimo da rua.
Um pequeno mundo com porta aberta para o Largo 5 de Outubro, a avistar a Igreja ao cimo da rua.
Um espaço que, apesar de se situar na pequena aldeia de Abela, uma das 11 sedes de freguesia de Santiago do Cacém, pretende mostrar parte da vida rural do concelho.
Copiado da página do Facebook do Diário do Alentejo: https://www.facebook.com/diariodoalentejo e do site:http://www.cafeportugal.net/pages/sitios_artigo.aspx?id=1466
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