terça-feira, 31 de julho de 2012

VILA DE PIAS ALENTEJO



Vila de Pias
Freguesia do concelho de Serpa, com 163,68 km² de área e 3 036 habitantes (2001). Densidade: 18,5 hab/km². A origem do nome da vila de “PIAS” deve-se ao facto de antigamente ter havido nesta zona a produção de manufacturas em granito, que eram extraídas das saliências rochosas e que eram utilizadas para dar de comer e beber aos animais. Também era atribuído o nome de “PIAS” aos buracos que ficavam nas rochas após extraírem as mós, as pias e as soleiras que no Inverno se enchiam de água.


NA APANHA DO MELÃO JUNTO A MOURA .... FOTO ANTÓNIO GÓIS


UMA ENTRE TANTAS PAISAGENS LINDAS DO NOSSO ALENTEJO ... FOTO ANTÓNIO GÓIS


O ULTIMO COMBOIO PASSOU EM PIAS NO ANOS DE 2002 ... FOTO ANTÓNIO GÓIS...


sexta-feira, 27 de julho de 2012

VOLTEI . AMIGOS E AMIGAS DO A.T.G. VOLTEI.


No meu regresso ao vosso convívio diário quero enviar um grande abraço a todos os amigos e amigas ,em especial aos que notaram a minha ausência.

Quando no inicio do mês de Junho iniciei a actividade da tiragem da cortiça pensei comigo que teria que interromper as minhas participações no face em geral e no A.T.G. em particular ,mas o vicio do face eo gosto pelo convívio diário com os amigos fez com que fosse continuando até que em dada altura comecei a acusar fadiga e cansaço o trabalho já de si é duro e depois quem vive no monte tem sempre algo que fazer ,uma horta ,uns animais , enfim coisas que sempre absorvem algum tempo,depois máis umas horas de olhos postos no computador ,quando ia para a cama era sempre por volta da uma ou duas horas para depois ter de estar a pé ás seis claro que não podia ser,uma noite adormeci com a cabeça sobre as teclas do computador e acordei quase ás horas que me deveria levantar e então disse para mim ,Manel toma juízo que já tens tamanho e idade para isso e depois disso não mais fui ao grupo .

A tiragem da cortiça ,aqui na região serrana é actividade mais árdua e dura de todas as que já efectuei não tem nada a ver com a mesma actividade na região campaniça ou na charneca já lá trabalheie é completamente diferente ,as árvores tem o tronco baixo e pernadas para o lado e o chão é direito os veiculos de transporte vão apanhar a cortiça debaixo da árvore,aqui na serra as sobreiras tem o tronco muito longo e longas pernadas há árvores muito difíceis  de subir,e os acessos são extremamente dificies antigamente a cortiça era transportada sobre o dorso das muares sobre cangalhas ,juntava-se a cortiça debaixo das árvores em pequenos montes de cerca de cinco arrobas ,setenta e cinco kilos, que era a carga considerada para uma muare transportar,com a evolução as bestas desapareceram alguns proprietários adaptaram as suas herdades ao novo meio de transporte ,tractores ou carrinhas todo-o-terreno mas grande parte dos proprietários mantém as herdades como há cinquenta anos a trás e os homens é que tem que transportar a cortiça para o local de carrego quando o acesso é no fundo da encosta tudo bem ,faz.se um molho ou feixe enorme que vulgarmente se chama um rebola muito bem apertado com uma corda e manda-se encosta abaixo e ele vai a partir mato até ao local onde chega uma viatura mas por vezes a cortiça só pode sair para cima e ai é que a porca torce o rabo,tem que mobilizar toda a jolda é assim que sechama, e lá vão todos cada um com o seu molho de cortiça aos ombros como se fosse um carreiro de formigas, mas uma coisa é certa por muito que custe por muitas gotas de suor que se deite por muito tempo que leve essa tarefa ,toda a cortiça que é extraída das árvores vai chegar toda ao local de carrego ,não é necessário que o proprietário da cortiça esteja presente pode até se encontrar a várias centenas de kilometros ,mas é uma questão de brio profissional e sentido do dever e de responsabilidade ,uma jolda que se preze não deixa um canudo ou uma prancha de cortiça no mato porque isso é um ponto de honra se ficar cortiça esquecida no mato é desprestigiante e para o grupo ea sua reputação fica em maus lençóis ,claro que que em locais inacessíveis  o que levava um dia a fazer pode levar o dobro ou máis ,é por tudo isto que esta actividade sazonal é de certeza a mais dura que existe se fosse todo o ano ou pelo menos metade do ano ninguem suportava quando alguém se refere ao salário dos corticeiros como uns prevelegiados não pensa no que eles sofrem por ribanceiras  cheias de mato ,por vezes suportando um calor abrasador enfim é a actividade da cortiça cá na serra de s. Martinho ,para o ano há mais se deus quiser.


Manuel Graça

quinta-feira, 26 de julho de 2012

PRAIAS ALENTEJANAS LAGOA DE SANTO ANDRÉ "SANTIAGO DO CACÉM"

PRAIAS ALENTEJANAS LAGOA DE SANTO ANDRÉ "SANTIAGO DO CACÉM"

PRAIAS ALENTEJANAS "ILHA DO PESSEGUEIRO"

PRAIAS ALENTEJANAS "ILHA DO PESSEGUEIRO"

PRAIAS ALENTEJANAS (VASCO DA GAMA) "SINES"


PRAIA DAS FURNAS --- VILA -- NOVA -- DE -- MIL -- FONTES




Localizada na margem sul do rio Mira, é formada por pequenas praias entre arribas com acesso, quer de carro, quer a pé, cada vez mais problemáticos à medida que se caminha para a foz. 
Na zona existem furnas, pequenas grutas cavadas na rocha, que a areia, infelizmente, vai invadindo e assoreando. Há poucos anos ainda, podia entrar-se no rojo pela boca estreita da Furna Grande. São estas que dão o nome à praia.
É uma praia com areia branca e vigilância, existe também na praia apoio de restauração.

PRAIA DE ZAMBUJEIRA DO MAR





A Zambujeira do Mar é uma das mais bonitas praias portuguesas, localizada na Costa Alentejana, concelho de Odemira, na parte Litoral do Baixo Alentejo, integrada no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. Tem um excelente miradouro sobre a praia, esplanadas onde pode saborear um saudável peixe gralhado e falésias para pescar os sargos que abundam. É também conhecida pelo Festival do Sudoeste.

NA FEIRA DE CASTRO

AZEVIAS


TUBERAS


FATIAS DE OVO


PUDIM DE REQUEIJÃO


BOLOS DE TORESMOS


quinta-feira, 19 de julho de 2012

A aguardente de medronho



A aguardente de medronho (medronheira) é produzida a partir dos frutos com o mesmo nome (medronho) que se cultivam nas serranias.

A produção:

A fruta é fermentada em tanques de madeira ou barro. Atualmente a fermentação também se faz em depósitos de cimento, mas só em destilarias de significativa dimensão. A fermentação é natural e dura entre trinta a sessenta dias. Os tanques devem ser cobertos com frutos esmagados para evitar o contacto com o ar. É necessário adicionar uma parte de água para cinco partes de fruta. Depois de fermentado o produto deve ser guardado durante sessenta dias e bem protegido do ar. Hoje em dia existem destilarias semi-industriais. No entanto, a melhor aguardente é aquela que é produzida por destilação descontínua (fogo direto).
Uma boa aguardente de medronho é transparente, com o cheiro e o gosto da fruta.
Nas montanhas, uma boa aguardente deve ter 50º.
No entanto a sua comercialização faz-se entre os 40º e 50º.

Uma lenda...

HISTÓRIA DO PEDIDO QUE O DIABO FEZ A DEUS

O Diabo julgava-se inteligente e andava sempre à espreita para ver se apanhava alguém distraído para pregar as suas partidas.
Um dia ele, pensando que Deus estivesse distraído, fez o seguinte pedido:
- Ó Senhor, vós que possuis tantas árvores oferecei-me duas, o medronheiro e a laranjeira.
O Senhor disse-lhe:
- Pede as árvores quando não tiver flor nem fruto.
Mas a laranjeira e o medronheiro têm sempre flor ou fruto, se calhar até as duas coisas ao mesmo tempo. Por causa disso, o Diabo nunca mais pode voltar a falar nessas duas árvores.

( da Internet 

O medronheiro tem propriedades medicinais

O medronheiro tem propriedades medicinais:


- As folhas e casca deste arbusto podem chegar a conter até 36% de tanino, o que as torna muito adstringentes (que seca e constringe a pele e as mucosas ). Ingeridos em doses elevadas, os taninos podem impedir a absorção de alguns minerais, como o cálcio ou o ferro e de algumas vitaminas. Por isso, não se recomenda o uso prolongado de plantas ricas neste composto.

- Contém um tipo de glicósido fenólico, chamado arbutina, que lhe confere uma ação anti-séptica e antiinflamatória. Usa-se para combater infecções urinárias, cistites e como ajudante nos cálculos e consequentes cólicas renais.

- A antocianina (ou glicósido antocianínico ) atua igualmente como anti-séptica , antiinflamatória e protetora dos capilares.

Os frutos contêm vitamina C, niacina (mais conhecida por vitamina B3 ) e são uma das melhores fontes de Provitamina A, quando maduros .

O ácido málico contido nos frutos, é um tipo de ácido orgânico que aumenta a produção de saliva e limpa a cavidade bucal, produzindo sensação de frescura e diminuindo o número de bactérias causadoras de cáries e infecções na boca .

O único senão no consumo dos frutos, é que os medronhos podem chegar a conter 0.5% de álcool, pois o processo de fermentação pode iniciar-se na própria árvore.

(trouxe da net)

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Mário Elias - o poeta das paredes que desabam




Há anos vivi por uns tempos numa terra encarcerada onde o alcatrão das estradas se derretia sob o sol da tarde. Onde os mosquitos cobriam os vidros das janelas, à noite, à espreita. Onde uma cegonha, sobre uma torre de relógio, ficava especada a olhar o Guadiana, tão parado quanto ela.

Nessa terra, parada, encarcerada, onde os velhos fazem rodas e, tapando uma das orelhas num gesto hierático, cantam e arrastam cantos com cheiro a açafrão e orégãos... Nessa terra há outro velho que nunca vi nessas rodas. Não sei se canta cantos alentejanos.

Sei que esse velho desceu as ruas inclinadas de Mértola dançando com a mulher que agora não lhe gaba os cabelos brancos desvairados nem com ele compartilha os copos de vinho que consegue cravar aos turistas que não se assustam à sua aproximação.

Estamos numa esplanada, olhando para as osgas que se penduram sob as traves dos toldos e ele chega. Alguém conta que há dias, esse velho tentou esconder-se atrás de uma carrinha para mijar e, quando já estava com a coisa na mão, a carrinha arranca. Não se assustou. Continuou. Como se não reparasse que a parede que escolheu para a sua privacidade já tinha desabado.

Estamos na esplanada e ele aproxima-se. Viu pela pinta ou lá o quê que éramos professores. Decide-nos dar uma lição... "por acaso, vossas excelências sabem o que é um "polímato"? E regala-se com a ignorância de quem nunca se deu ao trabalho de ir ao dicionário... Até porque ninguém usa a palavra. Menos ele... e o gajo que fez o dicionário... De seguida fala de Florbela Espanca, cita versos e curva-se perante Edgar Allan Poe, mais que poeta, como ele, bêbedo...

Mais tarde, noutro dia, cruzar-se-á de novo connosco, mas, ao contrário de todas as pessoas da terra que já nos cadastraram nos seus curtos livrinhos de coscuvilhices, ele não nos reconhecerá. Já não pertencemos ao seu mundo que espalhou em peças de teatro, em poesias desconstrutivistas (não era bem esse o nome da corrente literária a que pertenceu, mas ele tem mesmo a figura de Gilles Deleuze desgrenhado...), em cadernos de banda desenhada, em quadros de alentejanos a guardar porcos e em paisagens do presépio Museu onde vive. Não somos do círculo dos que lhe já compraram um desses quadros que pinta sobre a fotocópia da fotocópia de um original que já fez noutra era. Não somos as pessoas que se horrorizavam com os seus animaizinhos de estimação: duas ratazanas escapadas das vassouras de uma mulher de Beja que se acoutaram sobre o seu ombro - porque reconheciam-lhe a bondade - garante... Não nos conhece e volta a citar Espanca e Poe e a perguntar se sabemos o que é um "polímato". Nós calamos, dizemos que não. E no tempo circular de Mértola, o Mário Elias volta a fazer discursos laudatórios ao vinho e aos poetas que morrem na sarjeta com uma garrafa ao lado.

Há dias descobri que a Casa das Artes de Mértola passou a ter o seu nome... "Casa das Artes Mário Elias"... Terá morrido? - estas homenagens costumam ter este sentido. No Google nem uma notícia biográfica se encontra. Sei que no verão passado ainda o vi. Eu não estava numa esplanada. Por isso passou rente e seguiu... A caminho de paredes que desabam.
  

terça-feira, 17 de julho de 2012

Os temas do Cante Alentejano


Proponho-me hoje falar dos vários temas que são abordados pelos grupos corais do Alentejo.
Nos meus tempos de menina não havia grupos corais formados, O cante alentejano surgia espontaneamente na ida e vinda dos trabalhos do campo, nos bancos das tabernas .Os cantadores saíam dessas vendas, para a rua sempre em grupo e abraçados percorriam toda a povoação a cantar 
.Há muitos anos na diáspora, o cante alentejano continua no meu sangue nos meus genes Ao ouvir estes cantares vem-me à memória o meu tio Jacinto que era um grande cantador de Santa Luzia, Ourique onde todos os domingos ou quase, saia da taberna onde bebia os seus copitos e com os amigos percorriam a cantar as ruas da aldeia.
O tio não raro levava os amigos a casa onde a avó os recebia e convidava com bolo e vinho doce.
Com o cante me vem à memória uma infância salutar passada também nessa aldeia.
Mas prossigamos:
Os cantadores, geralmente trabalhadores rurais cantavam em grupo, divididas as vozes em três naipes: o Ponto, o Alto, e as Segundas Vozes. O Ponto tinha por fim iniciar a moda, retomada depois pelo Alto e seguidamente pelo resto do grupo, constituindo o coro.
O cante alentejano apresenta três tipos de música: as modas lentas, as modas coreográficas e os cantes religiosos.
Quanto aos temas são muito variados O trabalho rural inspira uma série de temas: a lavoura, a sementeira, a monda , a ceifa etc.
Com respeito aos sentimentos, os alentejanos tratam com sensibilidade e por vezes com ironia o amor, a saudade, a tristeza, e consequentemente derivados destes ,o namoro, o casamento, a ausência, a saudade, a morte.
As plantas campestres ou de jardim também elas aparecem nas quadras: A erva cidreira, o alecrim o manjerico, o lírio roxo, o cravo etc.
A Natureza de maneira geral aparece no cante alentejano.”Ao romper da bela aurora”
“Ribeira vai cheia” ou no sudoeste “Rio Mira vai cheio”.
No seu livro “Colos Alentejo” António Machado Guerreiro (falecido há já longos anos que viveu em Colos e se considerava alentejano) tem no capítulo terceiro um item que se refere aos corais quando eles ainda eram espontâneos.
Ele dá uma panorâmica de todas as modas cantadas pelo grupo de Colos. Como as modas passavam de vila para vila em Colos cantavam-.se modas que registavam um certo intercâmbio cultural.

Esta moda veio da serra 
Directamente a Garvão
Por cá ninguém na sabia
Veio nos dar animação

E os colenses para redobrar o seu brio cantavam

Ó Colos terra bendita
Já merecias ser concelho
Moras à beira da serra 
Para servires de espelho.

E logo algum mais viajado se lembraria de sugerir quadras que evocavam a zona de Beja..

Já não vou a Baleizão
Já não vejo a minha amada
Ó limão verde limão
Ò que fresca limonada.

Beja és a capital 
Cá da nossa região
Do distrito aonde vivo
Baixo Alentejo dás pão.

E outras tantas como Serpa .Moura, Pias, Ferreira que são vilas de excelentes cantadores.

Quanto às que exprimem sentimentos são inúmeras sobressaindo as que exprimem o amor e a saudade porque o povo alentejano é um povo de sentimentos fortes e calorosos.

Lá vai o comboio lá vai
Lá vai ele a assobiar
Lá vai o meu lindo amor
Para ávida militar.

O cante é a expressão mais forte da cultura alentejana; é aquele que dá a perfeita imagem da maneira de ser, de estar na vida, de trabalhar e cantar colectivamente.
Por isso é de justeza que o queiramos elevar a Património Imaterial da Humanidade.
E eu estou nessa luta a nível individual e a nível das associações alentejanas para as quais gostosamente colaboro com a minha paixão pela escrita que é idêntica à paixão que tenho pelo meu Alentejo.


Maria Vitória Afonso