No tempo da primavera
É um gosto ir passear
Com tanta flôr nascida
Sem ninguém as plantar
O autor da natureza
Teve a honra e o condão
De formar sem excepção
Tudo com certa beleza
Dá que fazer de certeza
A quem isto bem considerar
Tudo se pôe á espera
Daquele tempo bendito
Pôe-se o campo tão bonito
No tempo da primavera
Nasce um jatdim tão decente
Até nos dá confusão
Trás uma preparação
Para o gosto de toda a gente
Não deve haver mesmo um ente
Que não goste de admirar
Tanta flôr a brilhar
com sua côr juvenil
Por isso em vindo abril
É um gosto ir passear
Há rosas há assucenas
Lirios cravos saudades
De todas há quantidades
Que se não sabe ás centenas
Umas grandes outras pequenas
Com a sua forma de vida
O que admira em seguida
Falo franco e verdadeiro
Não se vê um jardineiro
com tanta flôr nascida
Quando o sol de verão cair
Secam-se não tornam mais
Mas vêem outras iguais
Na primavera a seguir
Em começando a surgir
É um gosto reparar
Vêlas a desabrochar
Do seu tempo não se esquecem
Como é que elas aparecem
Sem ninguém as plantar.
António Canilhas: