"DA" de 13/1/2012
A PROPÓSITO DO CANTE A PATRIMÓNIO
Como encara esta candidatura do cante alentejano a Património da Humanidade?
- Saúdo pessoalmente esta, ou qualquer outra candidatura que tivesse
surgido com o intuito de sublinhar a relevância etno musical que o
cante merece, transpondo para um fórum internacional o reconhecimento
que dentro de portas nem sempre se tem conseguido.
È nosso entendimento que a classificação do cante como Património da
Humanidade deve ser o culminar de um processo iniciado pela "MODA" -
Associação do Cante Alentejano que logrou alcançar a classificação da
nossa expressão vocal mais autentica,como património imaterial local,
pela quase totalidade dos municipios do Alentejo e mesmo, por algumas
autarquias da área da grande Lisboa.
Considero que deveria ter havido préviamente uma tomada de posição
regional e nacional sobre a valia do "cante" e depois, avançar-se-ía
para a classificação pela Unesco. Mas isto é um pormenor, prende-se
com oportunidades e timings que eu desconheço e tal não invalida a
minha total concordância com a substância da candidatura, conforme
Manifesto que redigi e circula como petição na internet que reune já
cerca de mil e quinhentas assinaturas.
No seu entender, o grupo de entidades que está a desenvolver a
candidatura está a saber envolver a globalidade dos grupos e dos
agentes que se movem na área do "cante" (seja em termos de maior
envolvência geográfica, politica, etc....) ou considera que ainda há
algum trabalho a fazer neste campo? Que sugestões pode dar neste
aspecto?"
- Quanto à genese desta candidatura, de nada serve pensarmos que
poderia ter tido um surgimento diferente. Nasceu de cima para
baixo,quando as searas crescem de baixo para cima. Mas existe , está
no terreno e o que importa é tudo fazer para apoiar o seu propósito.
Porém, entendo que antes do seu lançamento e não depois, deveria ter
sido procurado o envolvimento dos interpretes e baluartes da moda ( só
no passado domingo foi feito o primeiro contacto com os grupos corais
em Lisboa).Julgo que a dinâmica de lançamento da candidatura deveria
ter sido partilhada desde o início com todas as autarquias onde
existem grupos corais, para que o palco do cante fosse o Alentejo e
não o concelho de Serpa, como está a acontecer.
Por outro lado, assisto com alguma apreensão à exclusão ,no momento da
partida, de nomes importantes da cultura alentejana, designadamente da
área do cante, em favor de outras entidades que embora de proa a nível
nacional, sempre foram alheios ao nosso cantar.